Compromissos

Ref. Evangelho: Bons espíritas - cap. XVII

Proponho refletirmos sobre os compromissos que assumimos ao longo de nossa jornada, não falo dos materiais, mas daqueles que assumimos ao adquirir conhecimento e entendimento sobre a espiritualidade.

Partiremos de algumas premissas:

-Se aqui estamos somos espiritualistas, ou seja, acreditamos no além corpo e isso já nos diferencia de muitos irmãos cuja experiência terrena é finita.

-Se crermos que somos eternos e que nossas experiências são intercaladas, ora nesse plano terreno e ora na espiritualidade, sabemos que apenas o nosso conhecimento nos pertence, que somente ele pode ser levado em nossa “mochila” para estas as viagens.

-E este conhecimento é enriquecido pelo aprendizado nas experiências carnais proporcionando-nos evolução espiritual, sendo este o nosso primeiro compromisso, para nos depurarmos e assim possamos viver com o nosso Criador.

Então, nós podemos concluir que não somos o que parecemos ser que somos apenas limitados por este corpo e pela vida que escolhemos ter no nosso reencarne. Somos sim, um ser além desta imagem e a espiritualidade nos garante que o desconhecimento de outras vidas é para que possamos cada vez mais aproveitar esta vivência.

Ser espírita é aceitar essas verdades, é deixar com que a Doutrina guie os nossos passos, que ela seja a nossa cartilha. O espiritismo não é como uma roupa a ser pendurada no armário, onde de acordo com as nossas conveniências optamos por usá-la, ou somos, cremos e confiamos ou estamos apenas representando um papel, virando um personagem de nossa própria história.

Assim sendo, resgatemos esse compromisso com as nossas convicções avaliando o nosso sentimento de pertença a um centro espírita, e o efeito multiplicador que podemos proporcionar a todos os nossos irmãos com a nossa entrega. Somos uma grande equipe reunida em prol de um grande trabalho.

Neste momento sejamos ainda mais específicos, falemos do trabalho realizado em um Centro Espírita de Cura, por exemplo, em que todos que ali estão tem uma importância divina e individual na cura de um espírito sofredor.

Comparemos a um hospital, onde cada qual tem a responsabilidade de contribuir com sua força de trabalho. No caso do Centro Espírita, todos os freqüentadores têm o dever de contribuir com as suas moléculas, com a sua fé, além de quem está sendo assistido é claro.

Desse modo, todos os espíritos estão entregues a esta missão, não só os médiuns, mas toda a platéia, carnal e espiritual. No momento em que estão reunidos fazem parte de uma grande onda nesse mar infinito de caridade. Eis mais um compromisso, o de não destoar, o de não quebrar a onda.

Cabe esclarecer um assunto latente: sobre quem é médium. A resposta é muito simples - só não pode ser um médium quem não crê que nós somos um espírito e que temos um corpo, mas, no entanto nem todos que podem ser um médium efetivamente o são ou serão.

Por quê? Porque depende da entrega... É preciso deixar o peso da matéria para que o espírito livre permita que este meio seja utilizado.

É preciso confiar... Crer neste trabalho e não noutro, pois não há como servir a dois senhores.

Dessa forma, podemos afirmar diante do que já foi dito que qualquer um de nós ou até alguém que ainda não fomos apresentados pode sim ser um médium, pois sua história espiritual, sua evolução não é apenas desta experiência carnal. Na verdade não conhecemos nem quem somos, nem quem pensamos conhecer, pois há filhos mais evoluídos espiritualmente que pais, há idosos que nada aprenderam, há crianças mais crentes na espiritualidade que adultos, há pessoas humildes sem qualquer instrução mais sábias que catedráticos.

Observemos inclusive que nem todos os médiuns têm o mesmo desenvolvimento, pois embora o conhecimento da doutrina seja disseminado a todos, o aprendizado é individual, a evolução é individual. A matéria existe e não pode ser negada, e ela muitas vezes impede que façamos o que desejamos.

Por tudo isso que foi dito e pelo que ficou escrito nas obras básicas, tenhamos a consciência que não somos melhores, nem piores que nossos irmãos, que estamos como num transferidor, aquele instrumento que a matemática utiliza para marcar os graus de uma figura geométrica, unidos de forma circular, porém em graus diferentes.

Concluo dizendo um muito obrigado a todos pela oportunidade de partilhar e desejo do fundo de meu coração, que tenhamos muita de paz e harmonia, não nos esquecendo que se somos espíritas o somos em tempo integral, que não há intervalos, que não há desculpas para o nosso compromisso com a espiritualidade.

Com amor Universal, Cris.