Busca da Paz

Fazendo um paralelo com o que está escrito no evangelho que segue:


... Que vos direi, que já não conheçais, dos mundos de expiações, pois que basta considerar a Terra que habitais? A superioridade da inteligência, num grande número de seus habitantes, indica que ela não é um mundo primitivo, destinado à encarnação de Espíritos ainda mal saídos das mãos do Criador. Suas qualidades inatas são a prova de que já viveram e realizaram um certo progresso, mas também os numerosos vícios a que se inclinam são o indício de uma grande imperfeição moral. Eis porque Deus os colocou num mundo ingrato, para expiarem suas faltas através de um trabalho penoso e das misérias da vida, até que se façam merecedores de passar para um mundo mais feliz. (SANTO AGOSTINHO Paris, 1862),

é possível perceber que toda essa situação de miséria humana que estamos vivendo faz parte do aprendizado, porque já não somos primitivos, e que de certa forma já alcançamos algum progresso. Mas, ainda assim, estamos longe da perfeição moral.

É comum ao sermos entrevistados, respondermos que o nosso maior desejo é a não violência, mas de que violência estamos falando...daquela que acontece somente com o outro, que acontece de maneira isolada, ou seja, a violência no trânsito de São Paulo, nos genocídios que acontece nas favelas, nos assaltos em plena luz do dia, na pedofilia dos desequilibrados, na violência doméstica dos não cristãos, nos abusos sexuais dos não resolvidos, nas doenças dos vulgares?

Somos responsáveis... inteiramente responsáveis por demorarmos demais para mudar nossa forma de encarar a realidade, ou melhor dizendo, com a nossa necessidade de mascarar a realidade.

Como iremos reformar nossa casa se achamos que ela está maravilhosa, que não precisa de reparos?

Como poderemos sentar para aproveitar um ambiente asseado, se primeiro não fizermos uma faxina?

Primeiro o trabalho, depois o merecido descanso, ou como fala o evangelho –até sermos merecedores de um mundo mais feliz.

É claro que buscamos a paz, mas ainda é do lado de fora. Banalizou-se essa busca, quando até no concurso de miss, as candidatas treinam para responder que irão trabalhar para a paz mundial. Nada contra o concurso ou contra a beleza, por favor, é só um exemplo ...mas .... de que paz elas estão falando.

Hummm... acho que que elas estão se referindo à paz que não boicote os concursos, ou que as crianças possam sonhar em ser uma cinderela...o problema é quando chega a meia-noite e o sonho continua sendo só um sonho e a realidade volta à cena implacavelmente.

Mas... e enquanto espíritas que somos, o que nos cabe fazer, sabendo que citando o evangelho podemos merecer este mundo de paz.

Fui buscar algumas respostas no livro dos espíritos e eis minha reflexão.

Na questão:

752. Podemos ligar o sentimento de crueldade ao instinto de destruição?

— É o próprio instinto de destruição no que ele tem de pior, porque, se a destruição é às vezes necessária, a crueldade jamais o é. Ela é sempre a conseqüência de uma natureza má.

Essa destruição é necessária para que algo novo se construa, como a semente que precisa apodrecer para germinar e gerar um novo fruto. Assim como na cadeia alimentar um animal mata o outro para manter-se vivo, trata-se de uma questão de sobrevivência. Também as guerras foram necessárias para algumas conquistas, no passado, pois os povos primitivos se manifestavam instintivamente. Explicada na questão

753. Por que motivo a crueldade é o caráter dominante dos povos primitivos?

— Entre os povos primitivos, como os chamas, a matéria sobrepuja o espírito. Eles se entregam aos instintos animais e como não têm outras necessidades além das corpóreas cuidam apenas da sua conservação pessoal. É isso que geralmente os torna cruéis. Além disso, os povos de desenvolvimento imperfeito estão sob o domínio de Espíritos igualmente imperfeitos que lhes são simpáticos, até que povos mais adiantados venham destruir ou arrefecer essa influência.

Na questão a seguir mais uma pérola

754. A crueldade não decorre da falta de senso moral?

— Dize que o senso moral não está desenvolvido, mas não que está ausente; porque ele existe, em princípio, em todos os homens; é esse senso moral que os transforma mais tarde em seres bons e humanos. Ele existe no selvagem como o princípio do aroma no botão de uma flor que ainda não se abriu.

E nós que já não somos primitivos, porque ainda temos tantas atrocidades como o que estamos vendo nos veículos de comunicação? Temos uma vida humana sendo ceifada por nada, por qualquer sentimento ou por menos ainda por dinheiro, por matéria. Temos na questão a seguir mais uma explicação.

755. Como se explica que nas civilizações mais adiantadas existam criaturas às vezes tão cruéis como os selvagens?

- Da mesma maneira que numa árvore carregada de bons frutos existem os têmporas Elas .ao, se quiseres, selvagens que só têm da civilização a aparência, lobos extraviados em meio de cordeiros. Os Espíritos de uma ordem inferior, muito atrasados, podem encarnar-se entre homens adiantados com a esperança de também se adiantarem; mas, se a prova for muito pesada a natureza primitiva reage.

Não nos cabe mais, como seres mais evoluídos que somos desejarmos a paz, temos de praticar a paz, em pequenos exercícios, diários, fazendo com que nossa origem primitiva permaneça no tempo dela, como parte de nossa história mas não nos mantendo cárceres dela. Somos livres para fazermos escolhas, a decisão é nossa.Algumas vezes até pensamos em desistir da luta pelo bem, tantas as barbáries que estamos presenciando. É comum ouvirmos a frase: - Não tem mais jeito... -Esse mundo tem de acabar ...

No entanto essas frases não podem ser ouvidas de nossa boca, porque nós temos uma fé racionada, uma doutrina que nos faz sentido.

Eis que as questões a seguir nos trazem uma clareza confortadora.

800. Não é de temer que o Espiritismo não consiga vencer a indiferença dos homens e o seu apego às coisas materiais?

—Seria conhecer bem pouco os homens, pensar que uma causa qualquer pudesse transformá-los como por encanto. As idéias se modificam pouco a pouco, com os indivíduos, e são necessárias gerações para que se apaguem completamente os traços dos velhos hábitos. A transformação, portanto, não pode operar-se, a não ser com o tempo, gradualmente, pouco a pouco. Em cada geração uma parte do véu se dissipa. O Espiritismo vem rasgá-lo de uma vez; mas mesmo que só tivesse o efeito de corrigir um homem de um só dos seus defeitos, isso seria um passo que ele o faria dar e por isso um grande bem, porque esse primeiro passo lhe tornaria os outros mais fáceis.

Aos que ainda tem dúvidas. Pense nesta resposta.

801. Por que os Espíritos não ensinaram desde todos os tempos o que ensinam hoje?

— Não ensinais às crianças o que ensinais aos adultos e não dais ao recém-nascido um alimento que ele não possa digerir. Cada coisa tem o seu tempo. Eles ensinaram muitas coisas que os homens não compreenderam ou desfiguraram, mas que atualmente podem compreender. Pelo seu ensinamento, mesmo incompleto, prepararam o terreno para receber a semente que vai agora frutificar.

Para concluir. Saibam que Deus na sua bondade, quer deixar-lhes o mérito de se convencerem através da razão.

Com Amor Universal, Cris